O Culto a Deus – Criando novas liturgias

Liturgia vem da palavra grega “leitos” povo e “ergon” obra, e significa “serviço do povo”. O termo em português carrega a conotação de ritual, de rito, de ordem de culto, de ladainhas e repetições, por isso quando alguém diz: aquela igreja é muito litúrgica está querendo afirmar que o culto daqueles irmãos segue um programa preestabelecido. Na sociedade grega havia os liturgos que deviam exercer gradualmente e à sua custa certas funções públicas, como equipar os navios, organizar os jogos e concursos de dramas e a manutenção dos ginásios.

O termo “culto a Deus” é próprio do português, porque em idiomas como o espanhol e o inglês usa-se a palavra serviço. Basta passar em frente a qualquer templo cristão dos Estados Unidos ou de algum país da América do Sul para ler o aviso: horário dos serviços – referindo-se ao horário dos cultos. Ora, nessas culturas pode-se inferir que serviço a Deus é bem mais forte do que culto a Deus. Em português o termo culto a Deus se refere a um monte de gente que se reúne para adoração, enquanto nos demais idiomas é um monte de gente que se reúne para servir a Deus. E serviço é diferente de culto!

O estilo de culto de boa parte da igreja brasileira foi trazido para o Brasil através dos missionários. Até aí nada demais! Afinal, eles ensinaram ao brasileiro o que haviam aprendido em seus países. Os irmãos que se converteram até a década de 1970 aprenderam a cultuar a Deus no contexto cultural dos missionários – exceção feita aos pentecostais que se desvincularam da tradição européia bem antes dessa época e conseguiram misturar a cultura dos missionários à cultura tupiniquim. É que depois da década de 70 houve uma explosão na liturgia de culto das igrejas brasileiras, a tal ponto que, de lá pra cá os novos crentes nem sabem que existem hinários como a Harpa Cristã, Cantor Cristão ou Salmos e Hinos. Às vezes quando termino uma pregação e entôo um cântico do hinário percebo que noventa por cento do auditório desconhece. Só os crentes antigos conseguem cantá-los.

Particularmente, desde criança aprendi a cultuar a Deus no estilo bem assembleiano da época, mas, depois que entrei para o ministério e no decorrer dos anos convivendo com irmãos de todas as denominações, e entre eles ministrando fui me dando conta das diferentes “liturgias” ou formas de culto a Deus. Por ter revelação da igreja, o ministério que Deus me deu não se restringiu a este ou aquele grupo, mas a todo corpo de Cristo. Quando estou entre os luteranos me perguntam a que sínodo pertenço; já os presbiterianos querem saber qual meu presbitério; os batistas me inquirem a que convenção pertenço, os metodistas querem saber qual minha região eclesiástica, os assembleianos perguntam a que ministério estou ligado e os das comunidades cristãs querem saber qual presbitério ou presbítero me dão cobertura.

Algumas igrejas históricas ainda iniciam os cultos com o prelúdio, ao som de piano e órgão e terminam com um momento de silêncio. Outros começam com muita oração e terminam também com oração e com a bênção apostólica. Uns batem palmas, outros fazem silêncio; alguns têm grupos de danças, outros têm corais, orquestras, testemunhos, pregações, momentos de oração e de cura, etc. Outros começam o culto com muita música barulhenta e continuam com seu barulho ensurdecedor depois que o culto termina. 

Quando vejo essa pluralidade de expressões e de movimentos no culto é que percebo o verdadeiro sentido de liturgia, que é o povo prestando seu serviço a Deus. Liturgia, portanto, é o que o povo traz para Deus; é o que o povo faz e a maneira como se expressa diante do Altíssimo. Não é um programa estabelecido no gabinete pastoral, mas a expressão de vida dos irmãos. Por isso tenho profundo respeito a todos os meus irmãos em Cristo porque cada um deles, dentro de seu grupo aprendeu a trazer o melhor e a fazer o melhor serviço a Deus.

Perguntaram-me por que trouxemos no início das comunidades uma liturgia de cantar em pé por quase uma hora. Respondi que foi algo espontâneo. As pessoas estavam tão cheias de Deus e possuídas de tanta alegria que não se sentavam, mas cantavam em pé. Os que tentaram copiar o modelo, viram apenas a estrutura; para nós, no entanto era vida e vida de Deus.

A igreja aprendeu a se expressar diante de Deus na cultura de cada povo. Mas você perguntará: Mas, e a cultura bíblica? Não existe uma cultura bíblica de adoração e de culto a Deus – a não ser os ritos judaicos do Antigo Testamento, e o Espírito Santo sequer deixou que se registrasse nos Atos dos Apóstolos ou nas epistolas apostólicas quaisquer indícios de estrutura de culto a Deus. No Antigo Testamento havia uma ordem de louvor no templo durante as vinte e quatro horas, mas não se pode tomar aquela estrutura como funcional para os dias de hoje, porque naqueles dias os grupos ou turnos de levitas que cultuavam a Deus de hora em hora estavam sós, sem a presença do povo. Não tinham público ouvinte, mas apenas Deus como ouvinte deles. Estavam ali entoando louvores para satisfazer o coração de Deus, diferentemente de muitos de nossos cultos em que satisfazemos nossos desejos e nossos gostos.

O conceito de manifestação divina no AT

Quero que o leitor me acompanhe num raciocínio simples, e responda honestamente à pergunta: Como Deus se manifesta? Nossa tradição cristã imagina que Deus se manifesta sempre em meio a luz brilhante e ofuscante como fez a Paulo no caminho de Damasco. Mas será assim na Bíblia? Como Deus se manifestou a Abraão? Em meio às trevas! Diz a Bíblia que “ao pôr-do-sol, caiu profundo sono sobre Abrão, e grande pavor e cerradas trevas o acometeram; então, lhe foi dito…”. E Deus fala com Abraão em meio a densas e cerradas trevas: “E sucedeu que, posto o sol, houve densas trevas; e eis um fogareiro fumegante e uma tocha de fogo que passou entre aqueles pedaços” (Gn 15.12-13,17).

Se Deus se manifestasse a nós pentecostais no meio das trevas, sem luz alguma, fugiríamos ou começaríamos a dar ordens contra as trevas: “Sai diabo! Fora! Está amarrado!”. E é Deus se manifestando.

Da mesma forma aconteceu com o povo de Israel no deserto e com Moisés. Deus falou com eles no meio da escuridão e de trevas!

“Disse o Senhor a Moisés: Eis que virei a ti numa nuvem escura, para que o povo ouça quando eu falar contigo e para que também creiam sempre em ti. Porque Moisés tinha anunciado as palavras do seu povo ao Senhor. Ao amanhecer do terceiro dia, houve trovões, e relâmpagos, e uma espessa nuvem sobre o monte, e mui forte clangor de trombeta, de maneira que todo o povo que estava no arraial se estremeceu. E Moisés levou o povo fora do arraial ao encontro de Deus; e puseram-se ao pé do monte. Todo o monte Sinai fumegava, porque o Senhor descera sobre ele em fogo; a sua fumaça subiu como fumaça de uma fornalha, e todo o monte tremia grandemente. E o clangor da trombeta ia aumentando cada vez mais; Moisés falava, e Deus lhe respondia no trovão. Descendo o Senhor para o cimo do monte Sinai, chamou o Senhor a Moisés para o cimo do monte. Moisés subiu…” (Ex 19.9, 16-20 – negrito do autor).

Observe o leitor que o ambiente não era de luz, de sons musicais, de teclados, de música suave, mas de escuridão, de trombetas, de fogo, terremoto e barulho, muito barulho! Uma típica apresentação pentecostal, não fosse pelas densas trevas que envolveram o povo.

Elias serve-nos de exemplo do crente pentecostal que participa de um culto silencioso numa outra igreja e ouve Deus lhe falar. Elias acostumado a ouvir a Deus no meio do barulho, repentinamente descobre que Deus não estava no vento, nem no terremoto, sequer estava no fogo que consumia o monte, mas no silêncio. E num ambiente de completa serenidade ouviu-lhe Deus falar (1 Rs 19.11-13).

Claro que as pessoas querem o que Ezequiel experimentou (Ez 1) ou buscam ter a experiência de Isaías (Is 6).

Portanto, no Antigo Testamento temos vários exemplos de Deus se manifestando em meio a trevas. Custei a entender o texto em que Salomão diz: “O Senhor declarou que habitaria em trevas espessas” (1 Rs 8.12), e entendi que a nuvem que encheu de glória a Casa do Senhor era escura (1 Rs 8.12 com Ex 40.34) daí a exclamação de Salomão! De fato, ao interpretar este texto à luz de outros textos do Antigo Testamento descobri que a nuvem que estava sobre a arca da aliança era escura ou negra. Não era uma nuvem branquinha, como alguns supõem. E que o “esconderijo do Altíssimo” do Salmo 91 é também um esconderijo escuro. “Cobrir-te-á com as suas penas, e, sob suas asas, estarás seguro”.

Então, você que como eu sempre imaginava que Deus só se manifestava em luz, atenção! As trevas servem de berço para a aparição de nosso Senhor.

Por isso o povo disse a Moisés que não queria subir ao monte e que Moisés deveria ser o mediador e ouvir de Deus, porque o povo tinha medo da visão aterradora da Presença do monte. “Então, chegastes e vos pusestes ao pé do monte; e o monte ardia em fogo até ao meio dos céus, e havia trevas, e nuvens, e escuridão. Então, o Senhor vos falou do meio do fogo; a voz das palavras ouvistes; porém, além da voz, não vistes aparência nenhuma” (Dt 4.10-12 – negritos do autor). Que cenário! Fogo, mas também trevas e escuridão.

“Sucedeu que, ouvindo a voz do meio das trevas, enquanto ardia o monte em fogo, vos achegastes a mim, todos os cabeças das vossas tribos e vossos anciãos, e dissestes: Eis aqui o Senhor, nosso Deus, nos fez ver a sua glória e a sua grandeza, e ouvimos a sua voz do meio do fogo; hoje, vimos que Deus fala com o homem, e este permanece vivo” (Dt 5.23-24 – negrito do autor). Fiz questão de destacar as palavras trevas e escuridão.

Por que destaquei? Para quebrar este conceito de que Deus só se manifesta em luz! Ele se manifesta como bem quiser!

Sem modelos de culto no AT

Não se pode tomar como exemplo de cultos as celebrações, como no dia em que Davi trouxe a arca para Jerusalém. As pessoas costumam copiar apenas as danças, mas e os demais rituais da jornada da arca até a casa de Davi? Ou tomar como exemplo a manifestação divina que ocorreu durante a inauguração do templo de Salomão em que a glória (nuvem escura) desceu e encheu a Casa da presença de Deus. Por isso criamos alguns costumes baseados em celebrações do Antigo Testamento. Ficar em pé para ler a Bíblia tem como única base Esdras e Neemias (Ne 8.4)! Ora, eles fizeram um estrado e um púlpito para ficarem em posição mais elevada, serem vistos pelo povo e facilitar que todos ouvissem sua voz. A posição mais elevada do púlpito permite que a voz seja lançada sobre as pessoas levando-as a entender com mais facilidade o que se está dizendo. Os púlpitos bem elevados nos templos antigos tinham esta função: fazer que todos ouvissem o pregador.

Sem modelos de cultos no Novo Testamento

Você já notou que o Espírito Santo não deixou uma fórmula de culto nas Escrituras? Temos alguns episódios que indicam o conteúdo da reunião, mas não a estrutura ou forma do culto. Por exemplo:

1. Em Mateus 26.30 temos o registro da última ceia de Jesus com seus discípulos e de que cantaram um hino! “E, tendo cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras” Mas qual Salmo cantaram, ou que hino entoaram?

Se o escritor inspirado pelo Espírito Santo registrasse qual hino Jesus e os discípulos cantaram, por certo que em algumas congregações os líderes, diáconos e presbíteros estariam atentos exigindo que depois da distribuição da ceia fosse entoado o mesmo cântico que Jesus cantou. E assim, se perpetuaria uma tradição que haveria de engessar o culto e as manifestações do povo a Deus. Teríamos um ritual a cada culto, como fazem algumas denominações que conseguiram engessar as manifestações do povo de Deus.

2. Em Atos 20.7-12 temos a descrição de um lugar e de uma reunião da igreja. Lucas descreveu o local como bem iluminado, com muitas lâmpadas para que Teófilo entendesse que os irmãos não estavam ferindo a legislação romana reunindo-se em secreto, mas sob muitas lâmpadas para que todos pudessem vê-los. Assim, não poderiam ser condenados e presos por se reunirem em secreto. E descreve uma reunião em que Paulo prega por várias horas até a meia noite quando um jovem cai da janela, adormecido. Depois reassume a pregação até a madrugada quando jantam e partem o pão em memória de Jesus. E não se tem a estrutura de como era a reunião, apenas réstias de luz sobre o que acontecia com os irmãos.

A propósito, existe algo obscuro sobre a ceia da igreja. Que negócio é esse de se embriagar na ceia? E de se comer tanto que não sobrava para os demais? A celebração da comunhão ágape se dava com muita comida e vinho, ocasião em que os irmãos se reuniam para celebrar a Jesus e lembrar-se de sua morte na cruz. Devido a isto, Paulo orienta os irmãos a “esperar uns pelos outros”. Mas, nós ficamos apenas com essa recomendação: Entregam-nos um minúsculo pedacinho de pão (desculpem a redundância) e aguardamos até que todos sejam servidos. Nossa tendência é de nos agarrar a regras, ordens, mandamentos, estruturas esquecendo-nos do conteúdo, por isso “esperamos uns pelos outros” até que todos recebam seu pedacinho de pão. Não esqueçam que a ceia como  eucaristia só teve início séculos mais tarde e era feita de manhã cedo, antes do nascer do sol, de maneira coletiva ou individualmente.

3. Em 1 Coríntios 14.26 temos uma vaga idéia do conteúdo de uma reunião da igreja. “Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para edificação”.

Conforme abordo em meu livro, Deixem Soar os Tamborins, a vida da igreja gira em torno da razão e da mística; do intelecto e da fé; do racional e do transcendental.

Paulo nos conduz pelo caminho da mística quando trata dos dons espirituais. Depois de falar sobre as manifestações do Espírito em 1 Coríntios 12 – todas sobrenaturais – ele orienta quanto ao nosso procedimento no culto cristão. A célebre pergunta: “Que fazer, pois, irmãos?” é a chave que precisamos neste assunto. Porque pelo texto se vê que o conteúdo das reuniões da igreja era racional e místico e girava entre fé e razão.

Dependendo da maneira como se analisa a Bíblia, ela pode parecer um livro extremamente místico para alguns e puramente histórico para outros. No entanto, quando a fé e a razão ficam presentes em nossa adoração, a Escritura se torna um livro sobremodo excelente, pois enriquece a fé e satisfaz o intelecto.

Assim, por estranho que pareça, nosso culto se equilibra sobre a fé e a palavra, a razão e o poder. Se alguém tem um salmo, obviamente que é algo inteligível, racional, que se pode entender sem mistérios, pois se trata de uma poesia, uma letra de cântico – algo assim. Depois ele fala em “doutrina”, traduzida na NVI por “palavra de instrução”, também algo que nos leva a pensar, a refletir, a meditar, deixando-nos longe do transcendental e do místico, colocando-nos no “chão”, com os pés em terra. No entanto, a seguir, Paulo fala em alguém contribuir para o culto ou reunião da igreja com uma revelação. Ora, uma revelação empurra-nos da terra para o céu, pois manifesta algo transcendental, divino, que a razão, por vezes não aceita ou ignora.

Paulo explica o que é uma revelação em 1 Coríntios 12.8-10. Aqui ele cita três dons de revelação: palavra de conhecimento, palavra de sabedoria e discernimento de espíritos. Ora, como os demais dons deste texto, estes são dons transcendentais – não tão pragmáticos como os de Romanos 12 – pois “revelam” o que se passa no coração humano. Então, num mesmo momento em que alguém vem com algo pragmático e racional como um salmo ou ensinamento (doutrina), outra pessoa “desvenda” os segredos do coração humano com revelações do Espírito. Aqui novamente vemos escritura e poder; espírito e verdade. É uma revelação que normalmente – mas não necessariamente sempre – se manifesta por outros dons místicos – línguas e profecias. Alguns pensam erroneamente de que os dons de revelação fluem apenas através de línguas e profecias.

“Mas se entrar algum descrente ou não instruído quando todos estiverem profetizando, ele por todos será convencido de que é pecador e por todos será julgado, e os segredos do seu coração serão expostos. Assim, ele se prostrará, rosto em terra, e adorará a Deus, exclamando: “Deus realmente está entre vocês!” (1 Co 14.24-25).

Por isso o versículo 26 começa com: “Portanto, que diremos, irmãos?” Imagine alguém numa reunião da igreja, ou num encontro particular, e o Espírito Santo revelando a ela o que alguém pensou, imaginou, planejou ou lhe dando orientação sobre algo que a pessoa esteja buscando. Esta é a parte mística de todos nós, em que o misterioso mundo espiritual se abre diante do homem revelando o que se passa na vida da pessoa. Mas Paulo vai mais além. Fala sobre línguas e interpretação. Se por um lado, língua é algo misterioso e transcendental, por outro o Espírito Santo não deixa nosso intelecto sem resposta: vem a interpretação. O místico e o pragmático; a escritura e o poder; a razão e a fé estão presentes em nosso culto a Deus. Nem muito na razão, nem exacerbadamente na mística ou fé. Equilíbrio.

E por que não temos modelos de cultos no Novo Testamento? Para que o povo se expresse diante de Deus como bem quiser, usando até mesmo os elementos de sua cultura, como a alegria, a música, os tambores, o som alto, o som baixo, etc. A propósito, o leitor já parou para pensar que tipo de instrumentos havia na igreja do Novo Testamento? Além do esquife que Jesus “tocou”, não se tem notícia do uso de instrumentos musicais pelos irmãos. (O esquife é só para lembrar ao leitor de que se trata de um chiste, uma anedota, porque era uma espécie de mortalha).

Ora, pelo que me lembro até a década de 60 poucos instrumentos de percussão faziam parte do culto, priorizando-se o órgão, o piano, violões e acordeons. Nas escrituras do Novo Testamento sequer temos menção de instrumentos musicais no culto da igreja. E, no entanto utilizamos instrumentos musicais no culto a Deus. Mas, por que achar que só alguns instrumentos podem ser tocados em detrimento dos demais? Podemos usar todo tipo de instrumentos musicais e deles extrair sons para acompanhar os louvores do povo a Deus. Inclusive tambores de todos os tipos.

Isto não quer dizer que não houvesse algum tipo de instrumento musical nas reuniões da igreja – mas não se tem provas bíblicas ou históricas a respeito, apenas uma menção feita por Jesus a flautas tocadas por meninos e aos instrumentos musicais no livro de Apocalipse. Mas, imagine se em algum texto Lucas afirmasse que Paulo tomou a cítara e louvou a Deus; ou que João Marcos levava consigo um tamborim; ou ainda que Silas e Timóteo tocassem trombetas. O Espírito Santo sabe que costumamos nos agarrar a coisas, a estruturas, esquecendo com facilidade o conteúdo das reuniões. Por isso, não deixou um registro sequer de instrumentos musicais nas reuniões da igreja, para que as pessoas de todos os povos e nações usem de suas habilidades com quaisquer instrumentos musicais para louvar a Deus.

E também não deixou cânticos e hinos como modelos que eram cantados, para não limitar a criatividade dos irmãos ao longo dos séculos. Há trechos bíblicos que alguns dizem serem cânticos, mas não há provas claras (Rm 11.33; 16.27; 1 Tm 3.16; Jd 24-25). Se ficasse registrado que a igreja cantou tal cântico, a manifestação do povo seria reprimida eternamente.

O culto a Deus não deve ficar restrito à música, tipos de instrumentos ou de cânticos. O Espírito Santo deixou o caminho aberto para que celebremos o Nome de Jesus, se quisermos, com todo tipo de instrumento musical. Porque, como falo em meu livro, adoração é estilo de vida. Pode-se usar a música, entendendo que adoração não é música nem instrumentos musicais, mas vida de serviço a Deus e ao próximo. O verdadeiro adorador não precisa de um instrumento musical ou de música para adorar a Deus. Ele adora com a vida.

Muito se pode escrever a respeito, mas ressaltei que o Espírito Santo não deixou modelos específicos nem formas de se cultuar a Deus, porque temos a tendência de nos agarrar a métodos! O legalista quer a observância dos mínimos detalhes e o religioso precisa de modelos no qual consiga encaixar seu legalismo! Práticas, movimentos de corpo, gestos, expressões faciais, etc., são coisas que agarramos em nossa religiosidade!

E imaginar que Carlos Wesley escreveu cerca de seis mil e quinhentos hinos! Mas, isto é tema demais para um artigo como este.

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