A quem obedecer? A Deus ou aos políticos?

“Os senhores mesmos julguem diante de Deus: devemos obedecer aos senhores ou a Deus?” (At 4.19).

Os primeiros discípulos de Jesus tiveram que tomar uma decisão: Obedecer ou não aos líderes políticos de seus dias! E em meio ao fogo cruzado da perseguição decidiram que obedeceriam a Deus a qualquer custo!

Obedecer às autoridades baseando-se unicamente no texto de Romanos 13 é uma temeridade. É preciso analisar a questão da submissão e da obediência à luz da palavra de Deus. W. Nee em seu livro Autoridade Espiritual apresenta a seguinte proposta: A submissão deve ser total, mas a obediência relativa. Tudo o que os homens exigirem de nós e que contrarie a fé e as leis de Deus deve ser desobedecido. A submissão às autoridades civis continua, mas a obediência deve ser somente a Deus. Assim, se as leis do país proíbem que se pregue a palavra de Deus, como tentaram fazer com os primeiros discípulos, o cristão deve se submeter, não se expondo publicamente, mas jamais deixando de pregar a palavra da salvação. Se as leis dizem que não se deve disciplinar os filhos nem corrigi-los, fica-se com a palavra de Deus, e não com as leis do governo.

O mesmo princípio vale para tudo o que contraria os ensinamentos da Bíblia. Veja como procederam algumas pessoas que desobedeceram aos governos e foram abençoadas por Deus.

1. As parteiras hebréias receberam ordens de Faraó de que deveriam matar todos os do sexo  masculino na hora do parto (Ex 1.15 e ss.). Elas temeram a Deus e não mataram os meninos que nasciam. Ao serem inquiridas responderam a Faraó que as mulheres hebréias “são vigorosas e, antes que lhes chegue a parteira, já deram à luz os seus filhos” (v 19). As parteiras não mentiram, apenas responderam a Faraó o que elas presenciaram tantas vezes: As hebréias eram rápidas no parto! Deus abençoou as parteiras, e lhes deu família.

2. Samuel. Quando Deus enviou a Samuel para ungir um novo rei em Belém, Samuel respondeu a Deus que Saul iria saber e o mataria. Deus o orientou a dizer, caso lhe perguntassem o que ele iria fazer em Belém: “Vim para sacrificar ao Senhor” (1 Sm 16.2).

Jesus prometeu aos discípulos que colocaria nos lábios deles o que responder às autoridades.

3. Davi e o sacerdote Aimeleque (1 Sm 21). A desculpa de Davi ao ser perguntado pelo sacerdote, “por que vens só, e ninguém, contigo ?” foi: “O rei deu-me uma ordem…”. Bem, Davi recebera tantas ordens de Saul, e não especificou de que ordem se tratava!

4. Os três jovens companheiros de Daniel não obedeceram a ordem do rei de se prostrar perante a estátua de Nabucodonosor (Dn 3) e ao serem inquiridos pelo rei, responderam: “Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, ó rei. Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste”. Decidiram os três morrer, mas não se submeteram a ordem do rei, porque era contrária a sua fé.

5. Daniel, aos noventa e dois anos de idade, preferiu ser lançado na cova dos leões, mas não deixou um só momento de orar a seu Deus (Dn 6).

6. Os apóstolos decidiram obedecer a Cristo a se submeterem às ordens dos políticos e religiosos da época (At 4.19).

Aqui no Brasil a proibição não é direta, mas sutil, através de leis cheias de sofismas, leis que vão de encontro às leis de Deus e não devem ser obedecidas. Ora, as autoridades civis de nosso país precisam saber que a igreja está acima das leis que eles criam, pois a igreja trabalha para cumprir o projeto de Deus, e não para satisfazer os homens. A igreja é uma sociedade independente. Ela se submete na terra ao que é material. Seus membros aprenderam a ter um coração submisso, mas sempre desobedecerão quando as leis criadas pelas autoridades entram em conflito com a lei maior, as leis de Deus. Essa é a nossa história. A igreja sobreviveu a dois mil anos de história, seguindo o rumo que Deus preparou pra ela.

Apesar da fúria do império romano que perseguia e matava os cristãos; apesar da fúria de governos déspotas que tentaram eliminar a igreja, e mais recentemente em países do leste europeu, como a Albânia de onde vem a inspiração ideológica para o PCdoB – partido que eliminou sistematicamente os cristãos naquele país, cujo ditador Ever Hoxa se orgulhava em dizer que não havia mais cristãos nem Bíblia em seu país; quando ele morreu sua estátua de mais de 30 metros de altura foi derrubada, os cristãos surgiram de todas as partes do país, porque nenhum governo, jamais conseguiu destruir a igreja.

Ora, como vamos concordar com um governo, como o atual, que trata os presos políticos de Cuba, que foram presos apenas por discordarem da ditadura de Fidel Castro, e foram tidos pelo presidente do Brasil como criminosos comuns? Como vamos continuar apoiando um governo que faz alianças com o Irã, cujo governo mata e persegue qualquer pessoa que discorda dele? E que persegue sistematicamente os cristãos? Como vamos concordar com governos que defendem leis que são contrárias às leis de Deus?

No entanto, este mesmo governo descobriu que pode subornar alguns pastores denominacionais para angariar o voto dos cristãos. Fez muito bem a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), entidade da igreja Católica Romana que enviou cartas aos seus fiéis solicitando que não votem na atual candidata do governo. Sim, porque por trás da ideologia do governo existe a intenção de calar a igreja e de cercear-lhe os passos. O governo quer controlar a igreja e colocar nos lábios dela o que ela deve pregar. Esta é a ideologia, este é o plano final. Aconteceu na Segunda Grande Guerra na Alemanha: A igreja se omitiu enquanto o governo de Hitler avançava com seu intento de dominar o mundo!

O governo sabe explorar muito bem esta parte podre, que como laranjas podres contaminam a parte boa da igreja, pastores corruptos que não lutam pela causa de Cristo e sim em causa própria. Apenas queremos lembrar aos políticos e aos pastores que vendem e mercadejam a igreja, as palavras de Paulo: “Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado” (1 Co 3.17). Quem é esse santuário? Nosso corpo individual? Em certo aspecto, cada pessoa é habitação de Deus, mas Paulo está se referindo ao corpo de Cristo, a igreja em sua completude. E a história registrou que todos os governos, impérios, príncipes, governadores e seja lá quem for; todos os que tentaram destruir o santuário de Deus na terra, a igreja, Deus se levantou contra eles!

Anotem isso, senhores políticos! A igreja tem um Chefe que sai em sua defesa, e mesmo que a prisão ou a morte tentem calar a voz profética de Deus na terra, a igreja sobrevirá, porque Deus sai em defesa dela e dela cuida!

Ainda assim mostramo-nos de coração submissos, mas não obedientes; porque neste caso, temos de obedecer a Deus. Dessa forma John Knox no Livro dos Mártires descreve como milhares de pessoas preferiram a fogueira, a desobedecer a Deus. Quando os cristãos eram obrigados a confessar que na eucaristia o pão, de fato, se tornava carne, e o vinho, de fato se tornava sangue, digo, quando discordavam, eram condenados à fogueira, pela parte podre da igreja.

A igreja brasileira deve se revestir de coragem e levantar a voz discordando das leis que o atual governo vem implantando, seja através do congresso nacional, ou de maneira ditatorial. Ao que parece apenas alguns segmentos da igreja romana se posicionaram abertamente contra o governo Lula, porque os principais líderes pentecostais venderam sua fé, não por um prato de lentilha, coisa barata, mas por muito dinheiro. Muito dinheiro. Venderam seu rebanho. Venderam Cristo aos perseguidores. São os Judas que entregaram Cristo, novamente aos que querem matá-lo! Só que agora as 30 moedas de prata valem bem mais!

E, convenhamos, está bem difícil escolher em quem votar!

“Eu cri; por isso é que falei” (2 Co 4.13).

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