Entramos Numa Nova Era

Pois hoje, enquanto fazia minha caminhada diária e refletia – dei-me conta de que havia saído de uma era e entrado noutra. Primeiramente me dei conta de que saí da era do papel e entrei na era digital – não há mais jornais em meu gabinete – eles desapareceram de nossa casa. E só me dei conta disso quando minha esposa pediu jornais velhos para embrulhar uns copos quebrados e colocá-los na lixeira. É costume nosso embrulhar bem os cacos de vidros para que os coletores de lixo não se machuquem. Mas não havia jornais. É que optei tempos atrás em manter recortes de arquivos digitais. Leio vários jornais e revistas pela Internet. Quer dizer, saí da era do papel e entrei na era da notícia digital sem perceber. Papeis, aqui em casa só os da impressora, guardanapos de boca, o papel higiênico e o papel de cozinha. Nada mais.

Pregadores há que nem usam mais a Bíblia no púlpito, apenas seu palmtop; e cristãos há que leem a Bíblia quando os textos são projetados no multimídia da igreja.

A era digital chegou, entrou silenciosamente e foi tomando espaço em nossas vidas. E aí pensei: assim são as eras. Elas não se instalam abruptamente, interpõem-se umas às outras. Como um círculo saindo de outro, como o eclipse lunar, aquele espaço que ainda une os dois é a interposição de uma nova era. Foi assim com a era da lei. A era da graça surgiu ainda dentro da era da lei – se bem que alguns teólogos e não dispensacionalistas discordem da existência de duas eras, a da lei e a da graça – mas, deixa prá lá! Houve uma transição da era do AT para a era do NT – lei e graça – que ocorreu de maneira imperceptível. A graça já operava no Antigo Testamento e a lei ainda operava na era da graça. Acredito que deve ter havido um período de mais de cem anos para que uma era surgisse e a outra desaparecesse, as pessoas vivendo as duas eras. Você deve ter lido na história da igreja da discussão dos discípulos de João, o apóstolo, dos de Paulo se deveriam celebrar a páscoa conforme o calendário judaico ou seguir o calendário romano. Os discípulos de Paulo divergiram dos de João, o apóstolo. A gente lê sobre isso na história da igreja. Anos depois do desaparecimento dos primeiros apóstolos, as eras ainda se encaixavam, uma fazendo sombra à outra.

E fazendo minha caminhada diária – depois dos sessenta tudo que é ruim aparece no corpo humano – percebi que entramos numa nova era. Como queira o leitor, com letra maiúscula ou minúscula, a nova era chegou. Aquilo que os prognosticadores da Nova Era afirmavam de que a Era de Peixes (a de Cristo e do cristianismo) daria lugar à Era de Aquários vem acontecendo de maneira suave e imperceptível. Na realidade não era o início de um novo milênio que haveria de estabelecer o início de uma nova era. Eras não terminam nem chegam abruptamente. Ao se fazer uma leitura dos tempos pode-se concluir que a partir de 1850 a nova era começou a lançar sua tênue sombra sobre a história avançando e conquistando espaço, e o cristão só se dará conta quando a Era de Peixes ficar para trás dando espaço à Era de Aquários. Os cristãos, neste período tiveram que aprender a defender sua fé do humanismo, do positivismo (um ateísmo comunista com um bonito nome) e entraram no século XX inundando as novas nações com o Evangelho de Cristo. Os adeptos da Nova Era indicam fevereiro de 1962 como a transição de uma era a outra. Mas, eles não tem autoridade para tal afirmativa.

Como perceber esta transição? Primeiramente com o surgimento das Nações Unidas no fim da Segunda Grande Guerra. Queiramos ou não admitir, as Nações Unidas impõe paulatinamente sua agenda sobre o comportamento das nações, exigindo, por exemplo, que os governos mudem seu posicionamento quanto a liberdade sexual entre pessoas do mesmo sexo, aborto, divórcio e a adoção de crianças por casais homossexuais. Sob a égide das Nações Unidas Israel se estabeleceu como nação, mas outros povos nem tão minoritários como os curdos vem sendo exterminados sem poderem se organizar como nação. As regras de importação e exportação, educação e política saem da agenda e dos debates do grande prédio embandeirado de Nova Iorque.

Em segundo lugar percebe-se que a Nova Era chegou – agora com letra maiúscula – e as evidências estão dentro da igreja evangélica, especialmente a igreja pentecostal. Isto mesmo, os evangélicos e pentecostais outrora guardiães da fé e da doutrina apostólica são os maiores sinalizadores de que outra era chegou, porque cederam lentamente ao “espírito” que opera por trás desta Era que surgiu. “Espírito” sobre o qual João e Paulo se referiram no passado. A aceitação dos padrões de comportamento sociais tão duramente combatidos no passado é visível na igreja. Termos bíblicos como prostituição, lascívia, mentira, engodo, etc. desapareceram do glossário pentecostal.

Pastores, líderes, bispos e apóstolos passaram a ter “sonhos” políticos de governar a nação; a mensagem de renúncia ao prazeres do mundo deu lugar à mensagem de prosperidade. Os cristãos sonham em ficar ricos. Os pastores esbanjam riquezas e bens materiais. Alguns costumam ir para suas casas de descanso em helicópteros, carros blindados e assistem o mundo em sua grande tela plana, enquanto os milhares de membros nem televisão sequer são permitidos ter, ou são incentivados a não possuir riquezas, como é o caso dos membros de uma das grandes igrejas pentecostais, a Igreja Deus é Amor.

Líderes pentecostais participam de encontros pela unidade, paz e compreensão mundial com políticos ateus, com positivistas, com líderes religiosos budistas, hinduístas, com os líderes da igreja do Rev. Moon, com líderes afros, e firmam acordos de paz e compreensão, e, percebendo ou não, sutilmente abandonam a mensagem do Cristo crucificado e aceitam a mensagem do Jesus universal. Sim, porque o Jesus universal, aquele Jesus carinhoso, bom, que pregou a paz e viveu entre os homens pode ser aceito por todos os segmentos religiosos. Esquecem que a nova religião universal congrega em seu seio todas as religiões do mundo, e esses líderes pentecostais recebem o Papa da igreja de Roma, reverenciam-lhe, reúnem-se com o líder tibetano exilado, etc., negando o Cristo que esses líderes desprezam.

Mas, não apenas isso. A mensagem pentecostal perdeu sua essência, sua agressividade evangelística, seu didaskalós ou doutrina, e seus pastores acolhem em seu seio gente e políticos de todos os tipos e matizes para o diálogo; pessoas que participam de suas reuniões de ceia – antes uma reunião restrita aos membros da congregação – e comungam da mesma “fé”. Os pastores televisivos precisam ser politicamente corretos se quiserem continuar a ter espaço na mídia, e as leis de todos os países tem como objetivo hoje suavizar as demandas do discipulado a Cristo.

Quase ao fim da caminhada lembrei-me da posse do Barak Obama como presidente dos Estados Unidos. Enquanto escrevo este artigo ele ainda não tomou posse. Vi a agenda dos pregadores. Tempos atrás o maior pregador do século XX, Billy Graham pregava e orava na posse de presidentes, e era dele a frase, “a Bíblia diz” repetida por pregadores em todo mundo. Hoje, na posse de presidentes e governadores ninguém pode dizer, “a Bíblia diz” com a autoridade de Billy Graham, porque os pregadores mais lúcidos e famosos são os que trabalham pela paz e compreensão das raças e das religiões, e não os que declaram a supremacia da palavra de Deus, o Cristo de Deus e a Bíblia sobre as demais coisas.

Um nova era chegou para ficar e traz pintada de a Era de Aquários, em que a universalidade, direitos e a inclusão são os temas principais que devem ser pregados, ocupando o espaço que era dado ao Cristo, na Era do Cristo crucificado. Sim, porque a Era da cruz, da renúncia, do amor a Deus, da dedicação, da confrontação ao pecado, da vida santa vivida na contramão do sistema, lenta e sutilmente vem desaparecendo até que Aquário domine o cenário mundial. É uma era em que o mundo se reveste de fé, mas não a fé que Jesus espera encontrar em seu regresso.

“Inevitavelmente, virá uma transformação total em toda essa ordem de coisas. A Ciência, a Filosofia, a Arte e a Religião deverão unir-se totalmente à luz da Gnose”, aborda um dos sites de Nova Era.

Esta é a era da inclusão religiosa. Inclusão de tudo. Rick Warren fará a oração de posse de Obama, porque ele não representa nem os radicais discípulos de Cristo nem os tantos liberais. Ele está inserido entre os “mornos”, os que não tomam posição alguma perante a sociedade. Exatamente os que Jesus condenou na igreja de Laodicéia. A mornidão. Nem frio nem quente. O espírito da Era de Aquários é o de não-comprometimento com esta ou aquela doutrina; o espírito da paz universal; de se viver bem com todos. De não se fazer oposição. Obama escolheu a pastora liberal Sharon E. Watkins para pregar no Culto de Oração Nacional que ocorrerá na Catedral Nacional ao dia seguinte de sua posse à presidência. Junto a ela estará a figura de Ingrid Mattson, a primeira mulher a presidir a Sociedade Islâmica da América do Norte que fará uma oração. Islamismo e protestantismo sem diferenças, abençoando o novo presidente. Alá e Jeová de mãos dadas. Ódio e Amor juntos pela paz mundial.

Billy Graham o homem que dizia “a Bíblia diz” foi substituído, não por outro de sua “espécie”, mas por pregadores que não trazem problemas ao novo presidente. O bispo Gene Robinson, que assumiu publicamente sua relação homossexual com outro homem, e pivô da divisão da denominação anglicana, conselheiro de Obama fará a oração de invocação. O evento ocorre por esses dias antes da oração cerimonial de Warren.

A Bíblia sobre a qual Obama faz o juramento, a base de fé da antiga sociedade americana agora é vista apenas como uma tradição da história, e amuleto espiritual.

Citei apenas o que ocorrerá durante a posse de Obama como exemplo de como uma nova era entrou, deixando para trás lentamente a era de Cristo. Sim, porque o Jesus homem, o pregador da paz, o inspirador de livros de autoajuda, o Jesus que vende, o Jesus do Mercado é aceito por todas as religiões, enquanto o Jesus, chamado Cristo, o Salvador da humanidade está sendo deixado de lado, especialmente por grande ala da igreja pentecostal. É de lastimar que a igreja pentecostal esteja ornando a estrada por onde o futuro homem da iniqüidade caminhará e estabelecerá seu governo mundial. Os líderes pentecostais no mundo e no Brasil andam de mãos dadas com os líderes religiosos do mundo. É a paz, a inclusão a nova ordem mundial.

Ver pastores pentecostais sendo fotografados ao lado de pessoas que nada tem de cristãos é evidência de como as duas eras, a de Cristo, o Ungido e a de Aquários ou da Nova Era intrinsecamente se entrelaçam pavimentando a história.

Concluindo, posso afirmar que de maneira lenta e inexorável entramos numa era em que a doutrina apostólica, e a doutrina de Cristo foram maquiadas para poder se encaixar na nova ordem mundial. E os grandes maquiadores temos sido nós, os pentecostais.

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