Reflexões sobre os Salmos – A Estrutura dos cinco livros

Conhecendo a estrutura do saltério hebraico. Quero dar aos meus leitores uma estrutura dos cinco livros que compõem os Salmos.

Manuscritos antigos, autoridades em documentos massoréticos, o Talmude e versões antigas dividem os salmos em cinco livros. O midrash do Salmo 1 diz: “Moisés deu aos israelitas os cinco livros da lei, e de maneira correspondente Davi lhes deu os cinco livros dos salmos”. A estrutura de cada salmo é perfeita e encontramos a mesma perfeição nos cinco livros como um todo. Várias tentativas foram feitas no passado para saber por que os salmos estão classificados em cinco livros, mas não se achou ainda uma explicação plausível.

Os Salmos e Seus Cinco livros

A estrutura dos Salmos a seguir, apresenta os Salmos divididos em cinco livros, cada um deles correspondendo a um livro do Pentateuco.

I. Livro de Gênesis – Salmos 1 a 41. A respeito do homem. Os conselhos de Deus sobre o homem. Bênçãos ligadas à obediência (Sl 1.1 c/ Gn 1.28). A obediência é a árvore da vida do ser humano. Este livro pode ser dividido em três partes:

A) O Homem e o Filho do Homem.

Salmos 1 a 8.

B) O homem da terra – Salmos 9 a 15

Salmos 9-10. O homem da terra. O anticristo. Seus dias. Seu caráter e seu fim. “horas de tribulação (9.9; 10.1).

C) O Homem Cristo Jesus – Salmos 16-41

II. O segundo ou livro do Êxodo de Israel: Salmos 42 a 72 – A Respeito de Israel como nação.

A) A ruína de Israel – Salmos 42-49

Salmos 42-43. A ruína e a opressão chegaram (42.9; 43.2). Nenhuma ajuda do homem. Começa com lamentações e choro da mesma forma que o livro de Êxodo (c/ Ex 2.23; 3.7-9; 6.9).

B) O Redentor de Israel – Salmos 50-60

C) A Redenção de Israel – Salmos 61-72

III. O Terceiro ou livro de Levítico. Salmos 73-89 – O santuário.

A) O santuário em relação ao homem – Salmos 73-83

B) O santuário em relação ao Senhor – Salmos 84-89

Salmos 84-85. Bênçãos aos que se aproximam do santuário.

IV. O livro de Números. Salmos 90-106 – A respeito de Israel e as demais nações.

Introdução à estrutura do quarto livro. Números é o nome dado pelos homens ao quarto livro do Pentateuco devido ao levantamento do número dos filhos de Israel nos capítulos 1-3 e 26 de Números. O nome deriva do latim Numeri tradução da Septuaginta (Arithmoi). No cânon hebraico é também chamado de Bamidbar que procede de “No Deserto”. O título cobre todos os eventos do livro. Números, portanto, é o livro “do deserto” e fala de todos os tipos do deserto, ou tipos de nossa peregrinação.

No “Número” dos salmos temos fatos semelhantes. E estes se abrem com o Salmo 90: “a oração de Moisés” – o homem do deserto. Seus ensinamentos, como os demais livros são dispensacionais, tendo a terra como pensamento central. O propósito de Deus é celebrado em relação à terra, e as nações do mundo, da ruína à glória, conforme vimos nos três livros anteriores em relação ao homem, a Israel e ao santuário.

O pecado entrou no mundo e arruinou não apenas o homem, mas também a terra. “Maldita a terra por tua causa”. O pecado fez do paraíso um deserto, e a morte encheu a terra de tristeza e lamentos. Não existe esperança para a terra, para as nações, e para toda a criação fora do Senhor. O primeiro e o segundo salmos (90 e 91) tratam disto e têm a nota chave e é o epítome de todo o livro. São personagens deste mundo desértico, quando montanhas, dilúvios, campos, pestes, árvores, etc. que o leitor pode observar se atentar no livro.

Consiste, como no livro III de dezessete salmos todos anônimos (inda que nem todos sem títulos), exceção feita aos salmos 90 (e 91) escritos por Moisés e os 101 e 103 escritos por Davi.

Salmos 90 e 91. Dos títulos divinos neste livro Jeová (Senhor) aparece 126 vezes e Elohim 31. Os salmos 90 e 91 são, evidentemente, um só, divididos em duas partes, escritos por Moisés logo no início dos 38 anos de castigo no deserto, que é o tema deste quarto livro. (Se o Salmo 91 também é de Moisés, então toda escritura citada na tentação do deserto por nosso Senhor – até mesmo as citadas pelo diabo – saíram dos escritos de Moisés).

Quando Deus decretou que todos os homens que saíram com mais de vinte anos do Egito morreriam no deserto – e eram 603.550 homens de guerra – Moisés fez os cálculos, pois é sobre isto que tratam os vv 9 e 10.

Se um homem tinha vinte anos, apto para a guerra, morreria aos 60 anos.

Se tivesse 30, morreria aos 70.

Se tivesse 40 morreria aos 80.

A média de idade seria 30, daí o v 10.

O Salmo 91, por outro lado, mostra o que acontece quando vivemos na “sombra do Onipotente”. É um conforto para a “igreja do deserto” durante aqueles quarenta anos. Quantos foram eliminados no deserto pelo terror noturno, pela flecha que voa de dia, pestilência durante a noite nem a praga ao meio-dia.

A) O Salmo 90 é o prólogo deste livro.

B) O descanso da terra é antecipado. – Salmos 95-100. Note o versículo central do saltério (96.11) e a razão (96.13).

C) Celebrando o descanso da terra. – Salmos 101-105. O trono do Senhor no céu e seu reino sobre todos (103.19).

V. O quinto ou livro de Deuteronômio. Salmos 107 a 150 – A respeito de Deus e sua palavra. “Enviou-lhes a sua palavra, e os sarou, e os livrou do que lhes era mortal” (Sl 107.20).

Com esta estrutura dos Salmos em mente, o leitor poderá acompanhar comigo o estudo de cada salmo do saltério. Apresentarei, ao estudar o Salmo 119 uma estrutura especial deste Salmo que nos permite entender melhor cada parte dele.

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