Refletindo os Salmos

Introdução

Os Salmos têm sido, ao longo dos séculos, fonte de conforto, de desabafo irado e de solução para os cristãos. Nos Salmos o crente em Jesus Cristo encontra a palavra, conselho ou desabafo para todos os momentos da vida. Nestes os salmistas rasgam a alma e colocam pra fora seus sentimentos de alegria, de contentamento, de desesperança e de raiva.

Os Salmos são poesias, cânticos, orações e declarações de homens de Deus que cobrem um período longo – de Moisés a Esdras, e abrangem um período de 1088 anos, desde Moisés (1491 a.C) data da saída do Egito até o dia 1 de Nisã no ano 403 a.C última data mencionada por Esdras. Temos Salmos de Davi, de Asafe, de Salomão, dos filhos de Core, de Esdras e muitos salmos anônimos.

Existem muitos comentários sobre os salmos e, como mestre, pesquisador e escritor percebo que o público leitor não costuma comprar livros nem devocionais sobre os salmos, e não é preciso perguntar o porquê. É que os salmos falam por si mesmos; não apenas por si mesmos, senão também por todos nós. Lecionei sobre os salmos no seminário teológico, e me detive no aspecto técnico e profético, e na fantástica estruturação dos cinco livros que compõem o saltério dos judeus – e de todos nós. O livro é estruturado em cinco partes e cada parte se encaixa a um dos cinco livros de Moisés. Aliás, este tipo de abordagem tem sido feita por escritores em todas as épocas, isto é, associando cada período da história a um livro do Pentateuco. Imagino que, por vezes os historiadores e escritores costumem lucubrar teologicamente sobre matérias transcendentais.

Nesta série de reflexões sobre os salmos, faremos pausas reflexivas para comentar, por exemplo, porque o Salmo 90 – o primeiro da série aparece como o de número noventa, e como Paulo sabia que o Salmo que ele acabara de mencionar era o Salmo 2. E os salmos de romagem, ou cânticos dos degraus, por que têm este nome? Por que havia degraus no templo onde eram entoados pelo povo? Mera especulação porque não havia degraus no templo – quinze degraus dizem os especuladores teológicos que nada têm a dizer e falam tertúlias ao léu. Então, os salmos dos degraus têm um sentido especial e serão comentados nesta série de reflexões sobre os salmos.

A maioria dos comentaristas bíblicos concorda que os salmos foram compilados por Esdras, no pós-cativeiro, e este escriba teve a graça, capacidade e sabedoria para arranjar em ordem os salmos conforme aparecem hoje em nossas Bíblias. Esdras está ali colocando no saltério o Salmo 137, escrito na Babilônia: “Às margens dos rios da Babilônia nós nos assentávamos e chorávamos, lembrando-nos de Sião”.

E por que não comentar sobre o livro de Jó um salmo de intimidade e desabafo? Como o livro de Jó foi colocado à parte no cânon sagrado e é contado entre os livros poéticos da Bíblia – será melhor comentá-lo à parte. Jó é livro que contém mistérios, a começar pela época em que a história teria acontecido e pela aparente disputa de Satanás pela posse da alma humana. Mas, Jó revela que o diabo é limitado por Deus que o controla como um cão bravo – aumentando ou diminuindo o tamanho da coleira.

C.S. Lewis escreveu uma pequena reflexão sobre os Salmos editada em 1958. Foi seu primeiro livro cristão – dizem os editores – em que aborda as maldições que os poetas proferiam contra seus inimigos, as mortes, a conivência (dos ímpios), a natureza e os cânticos de louvores e exaltação a Deus, o Criador. Além da estruturação apresentada no apêndice da Companion Bible, que apresentarei ao leitor faremos um passeio espiritual pelo jardim dos Salmos, contemplando as aléias adornadas de flores; pisaremos nas areias quentes do deserto, sucumbiremos de sede e fome; sentiremos os espinhos penetrar a carne e nos deleitaremos às margens de rios e córregos perenes, de águas cristalinas, porque a espiritualidade de um homem não é medida pela quantidade de bênçãos, mas pelo desconforto espiritual quando enfrenta problemas sem solução aparente.

3 thoughts on “Refletindo os Salmos

    1. Os comentaristas divergem quanto aos salmos dos degraus. Particularmente sou a favor do comentário que eu postei no site; é o melhor que tem. Porque no templo não havia degraus; nem tão pouco a expressão, cânticos de romagem ou de procissão refletem o sentido da palavra no hebraico.

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