Dois profetas – dois homens diferentes!

Ao longo desses anos encontrei muitos profetas, e dois em especial, conhecidos como grandes profetas. Um deles interpretei pela primeira vez numa conferência em Brasília no ano de 1975. Como ele era simples e amoroso naquele tempo! Mas quando o interpretei novamente em 1982 era um homem diferente. O outro, ouvia falar dele e lia com avidez seus livros. Li seu primeiro livro em 1964. Ambos estão agora lá pelos 75 anos de idade. São homens que conhecem o mundo todo, ministrando em mais de 127 países.

Esses dois homens – conhecidos como profetas de Deus – estiveram aqui no Rio Grande do Sul com diferença de dois meses um do outro. O que eu interpretei várias vezes enviou, através de seus coordenadores, uma lista de exigências para sua chegada a Porto Alegre. São 14 páginas orientando o comitê local de como deveria ser recebido, hospedado, aplaudido, cercado de seguranças, recheadas de exigências. O outro, que veio meses depois, nada exigiu. Nem ofertas! E ambos são mundialmente conhecidos.

O primeiro, apesar de o haver interpretado várias vezes, nunca me dirigiu a palavra. Apenas nos encontrávamos no púlpito na hora da pregação. O outro, que eu nunca interpretei, mas sempre o amei pela simplicidade, é bem diferente.

O primeiro fez tantas exigências que nem o nosso presidente da República faz! Veja bem. Ele exigiu que fosse apanhado na pista do aeroporto em seu avião particular. Que o coordenador estivesse com a chave do apto. no bolso, pois se recusava a parar no balcão do hotel para preencher formulários. A menos que o dono do hotel o recepcionasse. Ele se diz VIP – pessoa muito importante, em inglês.

No quarto do hotel o ar-condicionado deve estar ligado, uma cesta de frutas sobre a mesa e, se possível, uma cafeteira passando o café!

Orienta, através do manual, que ninguém lhe dirija a palavra e converse com ele, a menos que ele pergunte. Que o carro esteja de portas abertas na frente do hotel no momento de sair para a conferência; que uma ala humana seja formada da saída do carro diretamente ao púlpito, etc. etc. Que nenhuma poltrona ou assento esteja desocupada diante dele! E são tantas as exigências! Ele veio, deu seu show particular, levantou uma grandiosa oferta e regressou! Sua coordenação nacional ainda exigia uma contribuição extra de oito mil dólares!

O segundo profeta veio, esteve entre nós ministrou com tanta ternura, amor e graça de Deus, circulando entre o povo, conversando com as crianças, tirando fotos com quem quisesse, autografando livros, orando por cada pessoa… Que diferença!

Fico pensando como será o galardão desses dois homens no reino futuro de nosso Deus! Porque estaremos lá, onde também seremos galardoados e ganharemos cargos no reino de nosso Deus! Aguardo com enorme expectativa para ver que cargos os dois terão no reino de Deus! Não tenho dúvidas de quem terá maior autoridade no futuro reino de Cristo!

Precisamos de verdadeiros apóstolos e profetas que venham pra cá e gastem horas chorando e gemendo ao lado de nossos pastores. Que se prostrem diante de Deus, ao nosso lado, clamando pela salvação dos gaúchos. Que gastem tempo orando e ajudando nossos pastores, desgastados, verdadeiros “farrapos”, homens que há anos vêm dando suas vidas, nessa batalha espiritual contra o inferno!

Merece atenção a Didaquê ou ensino que os apóstolos estabeleceram no fim do primeiro século da igreja. Eles tiveram que regulamentar a atividade do apóstolo e do profeta na igreja. “Que o apóstolo seja recebido como o Senhor, mas não deve ficar mais que um dia, ou no máximo dois. Se permanecer três dias, é um falso profeta. E quando parte, que o apóstolo nada receba a não ser a provisão de pão até que encontre abrigo. Se ele pedir ofertas, é um falso profeta… os falsos e os verdadeiros profetas serão reconhecidos por suas obras. Se um profeta ensina a verdade, mas não a pratica, é falso! Se ele pedir dinheiro para si mesmo, é falso. Se pedir dinheiro para os pobres, que ninguém o julgue” (Didaquê II: 7-12).

Pois agora tenho observado que os profetas e apóstolos são os que levantam ofertas em nossas conferências – para eles mesmos! É até vergonhoso sair para o hotel levando a oferta do culto! Mas eles não têm vergonha, porque são falsos! Ainda penso que os líderes da igreja local precisam repensar sua autoridade. A autoridade na cidade é dos líderes locais, e não dos que vêm de fora! Quem deve recolher ofertas são os pastores da cidade, e não os que vêm de fora!

Precisamos de apóstolos e profetas sem glamour, sem o American Way of Life, que lutem conosco!

Precisamos de apóstolos e profetas que mostrem suas costas marcadas pelas perseguições, e venham até nós, não para levar daqui a glória e o triunfo e o bolso cheio, mas que aqui dêem suas vidas na causa de Cristo! Apóstolos e profetas que tragam em suas mãos a graça de dar, de se oferecerem, e de ajudarem nossos obreiros desgastados por anos de fatiga ministerial!

Não precisamos de profetas em nosso meio para receber aplausos – que eles venham e chorem conosco entre o pórtico e o altar. Que lamentem o estado espiritual de nosso povo e, como faziam Paulo e Barnabé, trazendo não apenas o socorro espiritual, mas também o alívio material às comunidades sofridas e destruídas pela guerra! Que não sejam pesados ao nosso povo!

Se você é verdadeiramente apóstolo ou profeta de Deus, as porteiras desse pago estão abertas para recebê-lo com um bom mate, a cuia e o churrasco. E o galpão já está limpo para que você deite no pelego e se desgaste conosco em oração, nesses pampas que o Senhor tanto ama!

Bem-vindos, profetas e apóstolos, mas comportem-se como homens de Deus!

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