A descoberta do evangelho de Judas e as trinta peças de prata

O boletim eletrônico da revista Christianity Today recomendou aos seus leitores a leitura do editorial do Jornal Los Angeles Times que faz denuncia sobre a negociata envolvendo a descoberta do evangelho de Judas. Depois de acessar e de fazer o registro necessário junto ao jornal li o editorial e achei que seria conveniente compartilhar com meus leitores a denúncia deles, já que foi feita muita divulgação em torno da “história verdadeira” do acordo que Judas e Jesus teriam feito para que Jesus morresse e se cumprissem nele as profecias do Antigo Testamento.

Os cristãos devem ter em mente que existe um complô milenar, desde que o homem foi criado, para desmascarar a vida e obra de nosso Senhor Jesus Cristo. Basta seguir a trilha bíblica para descobrir como o Inimigo desenvolveu tramas para impedir a chegada na terra do Filho de Deus e de como vem tentando denegrir a imagem de Jesus Cristo ao longo da história. Dan Brown autor do Código Da Vinci e tantos outros escritores são apenas alguns dos que se levantam contra o Senhor Jesus Cristo. Davi foi quem melhor denunciou a trama maldita no Salmo 2: “Por que se enfurecem os gentios e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram contra o Senhor e contra o seu Ungido, dizendo: Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas” (Salmo 2.1-3).

É comum a mídia anunciar um fato, jogar a poeira no ar, e não voltar atrás quando a verdade vem à tona, no entanto, o Los Angeles Times agiu de maneira diferente. Em seu editorial de 13 de abril de 2006 alerta para o surgimento de uma nova Judas, referindo-se à Frieda Nussberger-Tchacos, uma negociante de antiguidades, que apareceu no programa da National Geographic Chanel como se fosse um anjo anunciador de boas novas. “Creio que fui escolhida por Judas para reabilitá-lo. Judas queria que eu fizesse algo por ele”, falou a mulher sobre o Papiro de 1700 anos.

Diz o editorial: “Tchacos estava se promovendo também. Ela disse haver pago $300.000 dólares pelo papiro – sem se preocupar de que poderia ter sido roubado e entrado ilegalmente no mundo privado dos negócios de antiguidades – revendeu-o para seu advogado por $1.5 milhão de dólares além das garantias financeiras que poderiam lhe advir no futuro. A National Geographic não relatou aos seus leitores e ouvintes esta outra parte da história, nem tão pouco informou haver pago para ela $1 milhão de dólares pelos direitos de divulgação, e que uma parte dos (ganhos) do show e o lucro de dois livros irão para o advogado dela, e também para Tchacos, cujo passado inclui uma sentença suspensa por possuir antiguidades roubadas.”

E continua o editorial: “O Evangelho de Judas conta a intrigante história de que Jesus teria solicitado a Judas que o traísse. Mas a procedência do Evangelho mostra que algumas coisas não mudam no decorrer dos séculos – a não ser pela inflação. Trinta peças de prata naquela época ou $1.5 milhão agora: É tudo dinheiro”.

Existem leis que impedem o tráfico de antiguidades cujo proprietário não consiga provar sua procedência, por isso o advogado de Tchaco, não pôde vendê-lo, mas “vendeu” o conteúdo e encontrou um bom comprador que foi a National Geographic.
“É comum que a descoberta de um documento como este seria primeiramente anunciado em revistas arqueológicas de cunho científico, quem sabe como um adendo aos evangelhos gnósticos – escritos antigos rejeitados pelos pais da igreja, bem ao contrário, a National Geographic fez um estardalhaço comercial e não submeteu o papiro aos critérios científicos.”

O papiro tinha novamente como alvo a pessoa de Cristo e seus seguidores. Depois desta denúncia do Los Angeles Times, quem sabe os cristãos voltem a colocar sua confiança na veracidade das Escrituras. Afinal, o texto sagrado dos evangelhos que hoje dispomos ficou disponível aos cristãos do primeiro século, muitos dos quais foram testemunhas oculares da história e poderiam contestá-la caso estivesse errado. O Evangelho de Lucas é claro em seu início, pois o escritor afirma haver feito uma rigorosa pesquisa antes de escrevê-lo: “Igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem, para que tenhas plena certeza das verdades em que foste instruído” (Lc 1.3-4).

Lucas foi um jornalista investigador que esteve com Maria, mãe de Jesus, certamente entrevistou Maria Madalena, conversou com os discípulos e fez um relato minucioso de tudo, tendo se encontrado com Paulo em Trôade onde começou a participar da equipe apostólica. A escritora Taylor Caldwell que escreveu Médico de Almas, ou na versão antiga, Um Glorioso Médico mostra um Lucas pesquisador e inquiridor que escreveu tudo quanto teria ouvido dos contemporâneos de Jesus. É preferível crer em Lucas a crer num manuscrito que teria sido escrito quatrocentos anos depois dos fatos haverem ocorrido.

João, o apóstolo, amigo íntimo de Jesus conta o relato da traição como ela aconteceu. Por que João não denunciaria caso houvesse um acordo entre Jesus e Judas? João foi testemunha ocular da história desde que passou a seguir a Jesus no relato de Lucas 5 e viveu mais que todos os apóstolos, tendo conhecido a Jesus em carne, e depois em espírito quando o viu revestido de glória nos céus. Portanto, teve um conhecimento abrangente de todo o período. Ele afirma sobre Jesus: “O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida” (1 Jo 1.1).
A antiga traição, como bem afirmou o editorial do Los Angeles Times apenas inflacionou o preço: de trinta peças de prata passou a custar um milhão e meio de dólares!

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